quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Operação em clínicas psiquiátricas apreende 24 armas e 1.900 cápsulas de munição em Londrina

Armas estavam em escritórios de clínicas que foram alvos de operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Promotoria apura se os diretores adiavam períodos de internações e tratamentos para conseguir mais repasses do Sistema Único de Saúde (SUS).


Número de armas surpreendeu promotores durante operação

Dezenas de armas foram apreendidas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em escritórios de clínicas psiquiátricas de Londrina, no norte do Paraná, que foram alvos de uma operação nesta terça-feira (12). A ação apura suspeitas de irregularidades cometidas por essas unidades psiquiátricas. Os promotores encontraram 24 armas, inclusive uma caneta-revólver, e 1.900 cápsulas de munição irregulares. Ninguém foi preso.

“Foi uma apreensão surpreendente e, ao mesmo tempo, nos deixou ainda mais preocupados. Encontramos um arsenal de armas, todas municiadas. Uma arma foi encontrada dentro de um livro, as páginas estavam recortadas no formato de uma pistola. É uma situação chocante”, diz o promotor Paulo Tavares.

Na manhã desta terça-feira (12) foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nos estabelecimentos e nas casas dos diretores das unidades e duas medidas cautelares contra os responsáveis pelas clínicas.

Segundo as investigações da Promotoria de Saúde Pública, há indícios de irregularidades em prontuários médicos para receber mais dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS). Umas das suspeitas é de que os diretores adiavam períodos de internações e tratamentos para conseguir mais repasses. Em uma das clínicas investigadas, são atendidos, em média, 200 pacientes por mês na clínica.

“Para receber mais diárias do Sistema Único de Saúde (SUS) as clínicas omitiam a realidade, alteravam prontuários, postergavam internações. Casos de agressão que ocorriam nas clínicas nunca eram registrados. Fuga de pacientes ocorriam com frequência, mas também não eram registrados, os prontuários diziam que o paciente tinha ganhado alta médica. Além disso, os médicos denunciaram os diretores porque descobriram que carimbos deles eram utilizados sem consentimento”, detalhou o promotor.

O cumprimento das ordens judiciais teve apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além das armas, também foram apreendidos computadores, prontuários e outros documentos.

As clínicas eram investigadas desde o segundo semestre de 2018. Segundo denúncias, além das práticas de crimes como estelionato, falsidade documental, também foram investigados crimes de maus-tratos e cárcere privado.

“O que nos preocupa é a forma como esses pacientes eram tratados pelos profissionais e diretores das próprias clinicas. Encontramos pacientes amarrados em macas e poltronas. Essa situação é muito preocupante”, enfatizou Paulo Tavares.

O casal que dirige uma das clínicas foi afastado do cargo por 60 dias pelo juiz Paulo Cesar Roldão, da 5ª Vara Criminal de Londrina. Os dois não podem se aproximar do estabelecimento.

Os diretores das duas clínicas ainda estão proibidos de frequentar e acessar os prédios, manter contato com funcionários, ex-funcionários e pacientes da clínica e também estão suspensos do exercício da atividade econômica junto às clínicas investigadas.




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