Sindicato dos médicos apoiou a manifestação realizada pela categoria que denuncia a falta de insumos básicos, medicamentos e salários atrasados
Médicos e profissionais da saúde fazem protesto reivindicando salários atrasado |
Vestidos de preto, médicos e demais profissionais da saúde cruzaram os braços em forma de protesto nesta sexta-feira (15) para denunciar o desabastecimento dos hospitais geridos pela Uncisal (Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas), principalmente na Maternidade Santa Mônica, referência no atendimento de gestantes em alto risco. Segundo a categoria, falta insumos básicos, medicamentos e até materiais de limpeza. Eles também cobram salários em atrasos há quase quatro meses.
A vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed-AL), Silvia Melo, disse que tantos médicos que não são consursados como os profissionais da limpeza e segurança - que são terceirizados - estão sem receber desde novembro do ano passado. O pagamento de janeiro foi feito, mas os que estão em atraso, o estado alega que não tem recursos financeiros para pagar. No ano passado, o último pagamento foi feito em outubro.
"Os hospitais da Uncisal estão hoje passando por uma crise inigualável. Há 15 anos sou funcionária da Santa Mônica e nunca passamos uma crise tão grande, de faltar tudo. Falta é desde atraso salarial a insumos que a gente precisa para trabalhar. Temos alguns médicos aqui que não são concursados. Esses médicos nós chamamos de precarizados. Eles receberam o salário em outubro. O pessoal da limpeza e segurança estão há quatro meses sem receber. A Uncisal está pedindo socorro, porque depende do Governo do Estado, depende da Sesau o repasse de verbas e isso não está sendo feito na medida que deve ser feito", disse a vice-presidente
A categoria afirma que outras atividades estão sendo programadas como forma de chamar a atenção dos gestores até que o problema seja resolvido.
"Greve é a última coisa que a gente pensa porque sabemos que a população é a que menos merece sofrer. Então, nós começamos essa paralisação, esse protesto e vamos ter muitos outros, nas mídias, onde a gente puder alcançar até nos ouvirem e darem as respostas que nós precisamos", afirma.
Outra reivindicação da categoria é pela falta de médicos nesses hospitais. "Poucos médicos são concursados, outros já são contratados de maneira informal. Esses é que estão sem receber em todos hospitais".
O atendimento à população não foi prejudicado, pelo menos até o momento. A vice-presidente disse que os pacientes estão ciente da situação do hospital, mas que em nenhum momento deixaram de ser atendidos.
"Estamos pedindo socorro, que os gestores nos ouçam e resolvam esse problema porque são eles que tem dar a solução. Nós estamos cansados de esperar essas promessas de regularização e nada até agora", pontua Silvia.
Sobre a falta de insumos, a vice-presidente que também é médica disse que faltam luvas, fio de sutura, medicamentos como antibióticos, anti-hipertensivo.
"Como eu vou fechar uma paciente de cesária sem fio de sutura. Falta anti-hipertensivo numa maternidade de alto risco, cheia de gestante de alto risco. Até sulfato ferroso que é para o tratamento simples de anemia está faltando nessa casa", expôs a médica.
Pacientes sofrem com o descaso
Com uma filha internada na maternidade desde a semana passada, Lucia de Assis, que é do município de Maragogi, se juntou ao protesto dos profissionais para reclamar do descaso do poder público e pedir soluções para a área da saúde.
"Cheguei com minha filha na úlitma sexta-feira (8) e ela precisou fazer uma cirurgia cesariana na segunda-feira (11) depois que a bolsa estourou e minha neta ficou sem líquido (amniótico - fluido que envolve o embrião, preenchendo a bolsa amniótica, que desta forma o protege de choques mecânicos e térmicos). Mas o descaso está demais lá em cima".
Ela conta que banheiros estão sujos, impossíveis de serem utilizados. De acordo com ela, os acompanhantes dos pacientes estão sem água para beber e sem receber as refeições fornecidas pela unidade hospitalar.
"Para beber água a gente precisa comprar fora da maternidade por R$7. Comida não tem. Minha filha está operando e faz as necessidades em pé porque não tem condições de usar o banheiro. Os funcionários da limpeza estão sem receber e não estão limpando".
Lúcia confirma a falta de medicamentos na unidade de saúde relatada pelos profissionais. "Minha filha fez uma cesariana e está tomando diclofenaco. Isso não é remédio para uma pessoa que passou por cirurgia. Eu queria que o governador fizesse aquilo que nós precisamos. Além dos profissionais que aí estão, nós usuários precisamos ser respeitados e ter uma saúde digna. Nós pagamos nossos impostos, então esses gestores que aí estão façam o que for preciso, que tenham respeito por quem precisa", declarou.
Por meio de nota, a Uncisal informou que tem buscado medidas junto ao Governo do Estado e Secretaria de Estado da Saúde para continuar oferecendo um serviço público de qualidade à população nas suas unidades assistenciais.
Já a Sesau disse que o processo de normalização dos repasses referentes à Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal) começou no início deste mês. Ressaltou ainda que os pagamentos não foram efetuados anteriormente em razão do fechamento do Siafe no final de 2018, como acontece ao término de cada ano, inviabilizando que qualquer pagamento seja efetuado.
Confira a nota na íntegra:
"A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que iniciou neste mês, quando foi reaberto o Sistema Integrado de Administração Financeira e Contábil do Estado (Siafe), o processo de normalização dos repasses referentes à Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), mantenedora dos Hospitais Portugal Ramalho e Hélvio Auto e da Maternidade Santa Mônica. Ressalta que os pagamentos não foram efetuados anteriormente em razão do fechamento do Siafe no final de 2018, como acontece ao término de cada ano, inviabilizando que qualquer pagamento seja efetuado".
Sindicato cobra nomeação
Na oportunidade, os profissionais cobraram a nomeação de mil aprovados na reserva técnica do último concurso da Uncisal, realizado em 2014. O certame expira em abril, para as vagas de ensino médio, e junho, para as de ensino superior.
No mês de janeiro os profissionais realizaram um ato na frente do Palácio República dos Palmares e conseguiram ser atendidos pelo governador Renan Filho. Os aprovados pediram que seja agilizada a liberação da lotação genérica dos aprovados, que estaria retida na Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag).
À época, a Seplag enviou uma nota explicando que o caso estava sendo discutido com a reitoria da universidade.
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