quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"Vou costurar direitinho pro seu marido não reclamar”, relata vítima de violência obstétrica

Após 18 anos, Simone lembra como traumático parto realizado em Hospital Regional



Traumático, assim Simone descreve o parto de sua segunda filha, realizado no Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS), há 18 anos. Ela, que terá o sobrenome preservado, foi mais uma das vítimas de violência obstétrica ouvidas pelo TopMídiaNews.

Ela conta que teve que ouvir comentários do tipo: “vou costurar direitinho pro seu marido não reclamar”, “essa é apressadinha”, “mulher parideira”, entre outros, sempre em tom de deboche, mesmo após ter sua filha sem assistência nenhuma.

“No dia 3 de novembro de 2001, cheguei ao Hospital Regional e fui atendia por um médico, não me lembro do nome completo dele, só que ele me disse que eu não estava com dor o suficiente, começou a ironizar como se ele fosse capaz de entender a dor que uma mulher sente no parto. Na hora de fazer o toque, viu que eu estava com 3 dedos de dilatação, aí ele disse que eu tinha que ficar internada e eles me mandaram para sala de pré-parto”, comenta.
“Na sala tinha outra gestante que faria cesárea, esse médico e uma doutora chamada  M. C. foram pra sala de cirurgia e eu fiquei sozinha nessa sala, sem nenhuma assistência. As dores foram aumentando, e eu já estava sentindo que o bebê ia nascer. Apertei a campainha, veio a enfermeira, que falou que não estava na hora e me olhou com desdém. Continuei sozinha,  com medo, entreguei nas mãos de Deus”.
Ela relata ainda que, por sorte, uma pediatra passou pelo local na hora que o bebê estava saindo, correu e acionou uma equipe, que fez o parto.
“Eu fiquei com muito medo da minha filha cair, a enfermeira cortou o cordão umbilical de qualquer jeito, e jogou um lençol em cima de mim. Depois me levaram para o centro cirúrgico para tirar a placenta, aí a humilhação foi maior, vários comentários ofensivos. Foi muito constrangedor”, relata.
Outros relatos
Diversos relatos chegaram ao conhecimento do TopMídiaNews em menos de dois meses da primeira matéria sobre o assunto. Em nota, a assessoria de imprensa do hospital informa que a administração era de outra equipe. "Nós não temos conhecimento sobre este caso", destaca. A realidade é que 25% das mulheres já sofreram com este tipo de violência.
A Organização Mundial da Saúde fez uma lista de violência no parto para que sejam identificados e combatidos nos hospitais e maternidades do mundo. São eles: abuso físico, abuso sexual, preconceito, discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as gestantes e os profissionais, condições ruins do sistema de saúde.
Uma boa alternativa para evitar que isso ocorra é a presença de acompanhantes, assegurada pela Lei 11.108, que existe desde 2005. 

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