Cadeirantes Luis Fernando |
Imagine após meses de espera
acabar perdendo, em pouco tempo, seu principal meio de locomoção? Frustração é
o sentimento que melhor descreve o que vem sentindo alguns homens e mulheres
cadeirantes atendidos pela AACD Recife. Um grupo dele buscou a reportagem para
denunciar que as cadeiras de roda, do tipo monobloco, doadas pela instituição
apresentam uma fragilidade estrutural que os coloca em risco. O problema
estaria nas rodas dianteiras que se quebram com frequência e, principalmente,
com o aro de impulsão que deveria ser de ferro, mas que vem sendo produzido com
um material plástico.
“Além de ser muito demorado, às
vezes passam um ano para entregar a cadeira, as cadeiras que entregaram têm um
aro que trocaram de ferro para plástico. Esse aro é o que a gente toca para
empurrar a cadeira e chama aro de impulsão. Devido ao material não há
sustentação a cadeira e as rodas estão entortando. Teve até gente que já caiu
da cadeira. Já a rodinha da frente com uma semana começa a estourar”, contou o
cadeirante Luiz Fernando, 42.
Ele buscou a AACD para questionar
o porquê a mudança na qualidade das cadeiras, mas teve reposta. O jeito foi
consertar por conta própria o equipamento usando sucata. A cadeirante Shirlene
Marinho, 41, também vem se virando como pode desde que sua cadeira doada pela
AACD quebrou.
“A roda quebrou e só não cheguei
a cair na rua porque um rapaz me segurou. Esse novo material não aguenta muita
coisa”, disse. A mulher esta usando uma cadeira emprestada de um amigo para
conseguir se locomover até uma solução definitiva para a cadeira dela. Outros
cadeirantes que passam pela mesma situação e procuram respostas são Antônio de
Pádua e Lilian Fernanda Ferreira.
A reportagem buscou
esclarecimentos junto a AACD. Em nota, a instituição disse lamentar o ocorrido
e informou que irá entrar em contato com a empresa fornecedora de cadeiras de
rodas para apurar os apontamentos realizados sobre a qualidade dos materiais
entregues aos pacientes citados.
“A AACD preza pela qualidade e
excelência de todos os seus serviços e produtos, se colocando sempre à
disposição dos pacientes. Como não havia registro de reclamações nos canais
formais de comunicação da Instituição, a AACD, que tomou conhecimento das
reclamação por meio da Folha de Pernambuco, fará contato com os pacientes para
agendar o reparo e, se necessário, substituir o equipamento. Não haverá
qualquer ônus aos pacientes, já que as cadeiras possuem garantia do fabricante
pelo período de um ano”, diz a nota.
Em relação ao prazo de entrega
das cadeiras de roda, a AACD afirmou que o período varia de acordo com a
demanda e especificidades do pedido. A unidade do Recife atende a demanda de
pessoas com deficiência e mobilidade reduzida do Norte e Nordeste do Brasil,
sendo a única instituição que realiza a entrega de cadeira de rodas no Estado
de Pernambuco. Em 2018 a Oficina Ortopédica realizou mais de 15 mil
atendimentos, registrado uma média de 350 cadeiras de rodas entregues
mensalmente. Somente em janeiro de 2019 o volume foi de 454 unidades. Não há outros
registros de reclamações até o momento.
Para que o paciente seja
beneficiado com uma cadeira, é necessário comparecer à AACD Recife para
manifestar a necessidade pelo produto. Na ocasião é agendada uma consulta com
um terapeuta ocupacional, que avalia o tipo e medida da cadeira, inserindo o
paciente em uma lista de espera.
Folhape
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