sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Pacientes denunciam fragilidade de cadeiras doadas pela AACD Recife

O problema estaria nas rodas dianteiras que se quebram com frequência, além do material do aro de impulsão que deveria ser de ferro mas vem sendo produzido com material plástico
Cadeirantes Luis Fernando
Imagine após meses de espera acabar perdendo, em pouco tempo, seu principal meio de locomoção? Frustração é o sentimento que melhor descreve o que vem sentindo alguns homens e mulheres cadeirantes atendidos pela AACD Recife. Um grupo dele buscou a reportagem para denunciar que as cadeiras de roda, do tipo monobloco, doadas pela instituição apresentam uma fragilidade estrutural que os coloca em risco. O problema estaria nas rodas dianteiras que se quebram com frequência e, principalmente, com o aro de impulsão que deveria ser de ferro, mas que vem sendo produzido com um material plástico.

“Além de ser muito demorado, às vezes passam um ano para entregar a cadeira, as cadeiras que entregaram têm um aro que trocaram de ferro para plástico. Esse aro é o que a gente toca para empurrar a cadeira e chama aro de impulsão. Devido ao material não há sustentação a cadeira e as rodas estão entortando. Teve até gente que já caiu da cadeira. Já a rodinha da frente com uma semana começa a estourar”, contou o cadeirante Luiz Fernando, 42.
Ele buscou a AACD para questionar o porquê a mudança na qualidade das cadeiras, mas teve reposta. O jeito foi consertar por conta própria o equipamento usando sucata. A cadeirante Shirlene Marinho, 41, também vem se virando como pode desde que sua cadeira doada pela AACD quebrou.

“A roda quebrou e só não cheguei a cair na rua porque um rapaz me segurou. Esse novo material não aguenta muita coisa”, disse. A mulher esta usando uma cadeira emprestada de um amigo para conseguir se locomover até uma solução definitiva para a cadeira dela. Outros cadeirantes que passam pela mesma situação e procuram respostas são Antônio de Pádua e Lilian Fernanda Ferreira.

A reportagem buscou esclarecimentos junto a AACD. Em nota, a instituição disse lamentar o ocorrido e informou que irá entrar em contato com a empresa fornecedora de cadeiras de rodas para apurar os apontamentos realizados sobre a qualidade dos materiais entregues aos pacientes citados.

“A AACD preza pela qualidade e excelência de todos os seus serviços e produtos, se colocando sempre à disposição dos pacientes. Como não havia registro de reclamações nos canais formais de comunicação da Instituição, a AACD, que tomou conhecimento das reclamação por meio da Folha de Pernambuco, fará contato com os pacientes para agendar o reparo e, se necessário, substituir o equipamento. Não haverá qualquer ônus aos pacientes, já que as cadeiras possuem garantia do fabricante pelo período de um ano”, diz a nota.

Em relação ao prazo de entrega das cadeiras de roda, a AACD afirmou que o período varia de acordo com a demanda e especificidades do pedido. A unidade do Recife atende a demanda de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida do Norte e Nordeste do Brasil, sendo a única instituição que realiza a entrega de cadeira de rodas no Estado de Pernambuco. Em 2018 a Oficina Ortopédica realizou mais de 15 mil atendimentos, registrado uma média de 350 cadeiras de rodas entregues mensalmente. Somente em janeiro de 2019 o volume foi de 454 unidades. Não há outros registros de reclamações até o momento.


Para que o paciente seja beneficiado com uma cadeira, é necessário comparecer à AACD Recife para manifestar a necessidade pelo produto. Na ocasião é agendada uma consulta com um terapeuta ocupacional, que avalia o tipo e medida da cadeira, inserindo o paciente em uma lista de espera.

Folhape





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