domingo, 10 de fevereiro de 2019

Idosa morre por infarto e filho acusa médico do Samu de negligência após ele sugerir que mulher poderia estar bêbada

Filho da mulher, que tinha 79 anos, gravou a ligação que fez ao Samu, quando a mãe passou mal, no bairro de Massaranduba, em Salvador.


Denúncia: família de idosa morta alega demora e falta de respeito de médico do Samu

O cabeleireiro Jocevaldo Ferreira Soares, de 51 anos, morador do bairro de Massaranduba, em Salvador, perdeu a mãe no dia 19 de janeiro, vítima de um infarto, e acusa um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de negligência, por ele não ter enviado uma ambulância para socorrer a mulher quando ela passou mal em casa. Além disso, enquanto falava com Jocevaldo no telefone, quando ele ligou para pedir socorro para a mãe, o médico sugeriu que a idosa poderia estar bêbada.

Jocevaldo gravou com o celular a ligação que fez para o Samu no dia em que a mãe, Dulce Ferreira do Sacramento, precisou de ajuda. Ele afirmou que já contratou um advogado e que vai levar o caso ao Ministério Público.

Dulce morava com a filha mais velha em um prédio no final de linha de Massaranduba -- os outros três filhos dela, dois homens e uma mulher, também moram no mesmo imóvel, em apartamentos diferentes.

Quando Dulce desmaiou em casa, a filha mais velha chamou os irmãos, entre eles Jocevaldo.

“Ela estava na casa dela quando começou a passar mal, por volta das 6h. Meu irmão chegou aqui em casa desesperado para falar que ela tinha desmaiado. Ela estava desfalecendo e eu peguei o celular e liguei para o Samu. Meu celular tem o aplicativo que grava todas as chamadas. No final de cada uma eu decido se salvo ou não. Quando ele [o médico] criou a dificuldade para prestar atendimento para minha mãe, chegando a dizer que ela estava bêbada, eu decidi salvar o áudio no final”, afirmou.

No áudio gravado da ligação, que tem pouco mais de 6 minutos, Jocevaldo primeiro conversa com uma atendente do Samu e explica a situação. Em seguida a atendente passa a ligação para o médico, que se identificou como Vítor.

“Ele começou a fazer perguntas repetidas, e eu disse que minha mãe precisava de urgência. Ele se exaltou, sugeriu que minha mãe pudesse estar bêbada e disse que se eu continuasse nervosinho que não iria mandar nenhuma ambulância, como realmente não mandou, como se ele fosse o dono da Samu. devido à falta de atitude dele, a falta de equilíbrio, até pensei que ele não seria um médico de verdade, porque um médico é mais preparado para atender um paciente”, afirmou.

Jocevaldo mostra fotografia da mãe


“Ele disse que minha mãe poderia estar caída de bêbada, como se uma pessoa bêbada não merecesse socorro. Cachaça também é doença, embora não tenha sido o caso da minha mãe. Ela era uma pessoa de 79 anos e não tinha vício de nada, de tabagismo de alcoolismo, de nada. Ela simplesmente estava infartando e ele criou uma dificuldade”, disse Jocevaldo.


Ao ver que Jocevaldo já estava ficando nervoso com a situação, a irmã mais velha dele pegou o telefone e começou a falar com o médico.

“Minha irmã pegou o celular e assumiu a conversa. Conversou com ele de boa e ele disse que não tinha nenhuma unidade disponível e que em 15 minutos ele ligaria para saber se minha mãe ainda estava precisando de socorro. Voltou a ligar no entanto somente 28 minutos depois, mas minha mãe já tinha falecido".

G1

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