quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Kid Nélio, médico acusado de estuprar pacientes, é condenado a 12 anos

O traumatologista potiguar Kid Nélio graduou-se em medicina em 2009
O médico ortopedista Kid Nélio Souza de Melo, 36 anos, acusado de praticar abusos sexuais contra mulheres durante atendimentos médicos em clínicas particulares e na UPA Imbiribeira, foi condenado, em primeira instância, a 12 anos e 10 meses de prisão em regime fechado. A decisão, que ainda cabe recurso, foi do juízo da 17ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

A defesa do médico informou que ainda não foi intimada da condenação, mas afirmou que vai apelar da decisão. Kid Nélio, que está detido no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) desde março do ano passado, deve continuar no centro de triagem até a apresentação dos próximos recursos.

“O juízo da 17ª Vara foi incoerente nessa decisão diante das provas produzidas no processo e no patamar que foi aplicado. O crime de estupro prevê que haja violência ou grave ameaça e não existem argumentos sólidos para elevar a pena a esses patamares. Vários artigos do Código Penal são favoráveis a nosso cliente. Amanhã (quarta-feira, 6), vamos preparar o requerimento para que ele possa continuar aguardando no Cotel, sobretudo por questões de segurança do ponto de vista da integridade física diante da repercussão do caso”, disse um dos advogados de Kid Nélio, Sanderson Rodrigues. Após receber a intimação, a defesa tem cinco dias úteis para apresentar recurso de apelação. 

Denúncias

Uma vítima de 18 anos, que fez a primeira denúncia, procurou atendimento no setor de traumatologia da UPA da Imbiribeira por volta das 9h do dia 21 de fevereiro de 2018 após sofrer um acidente em casa. Segundo a paciente, o traumatologista solicitou exames e, quando ela retornou para entregá-los, ele a molestou no consultório. Em depoimento, a jovem contou à polícia que o médico pediu para ela abaixar o short, a apalpou, esfregou o corpo contra o dela e ejaculou. A coordenação da UPA afastou o profissional após a denúncia.

Com a divulgação do caso, outras mulheres procuraram a polícia para denunciar o médico. Uma das vítimas, que pediu para não ter a identidade revelada, contou que reconheceu o médico e chorou ao ver a foto dele no Diario de Pernambuco. A paciente de 29 anos disse que o abuso foi cometido em 2016, quando ela sofreu um acidente de trabalho na mão esquerda e foi atendida em um hospital privado no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. 

Kid Nélio foi preso em março de 2018. Na época, o chefe da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), delegado Joselito Amaral, afirmou que, a partir dos depoimentos, os investigadores perceberam o mesmo perfil dos crimes praticados pelo médico. Doze depoimentos de vítimas diferentes foram registrados na Delegacia da Mulher do Recife, em Santo Amaro.  

Perfil

O traumatologista potiguar Kid Nélio graduou-se em medicina em 2009, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Quando foi denunciado, era casado há quatro anos e não tinha filhos. O médico mudou-se para o Recife em 2014, juntamente com a esposa. Após receber a segunda queixa, em 22 de fevereiro de 2018, a polícia foi à residência do casal na capital pernambucana. Ao chegarem lá, os investigadores encontraram apenas a mulher, que disse não saber onde o marido estava.

A primeira reação da mulher, de acordo com a polícia, com relação às denúncias foi de surpresa e espanto. Posteriormente, a cônjuge passou a alternar momentos nos quais defendia a inocência do marido e instantes de forte indignação com relação aos abusos cometidos por ele contra suas pacientes.

Em depoimento às delegadas Gleide Ângelo e Ana Elisa Sobreira, o médico afirmou que manteve relações sexuais com apenas duas das denunciantes, mas que os atos teriam sido consensuais. 

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