Médico cirurgião que atuava em Curitiba e em outros dois estados teve seu registro cassado por erros e acusações de abuso contra pacientes
O médico cirurgião Fernando Avelar, 61 anos, que atuava em Curitiba
e em outros dois estados, teve o seu registro no Conselho Regional de
Medicina do Paraná (CRM-PR) cassado no final do mês passado. Apesar da
decisão regional, ele não pode mais exercer a medicina em nenhum lugar
do Brasil. Fernando é acusado de erros médicos em cirurgias e até de
abuso sexual contra pacientes. Há processos judiciais contra ele desde
2005.
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Fernando tem seu registro desde 1983, ou seja, possui 36 anos de
profissão. Mas foi em meados dos anos 2000 que começaram a surgir
processos judiciais de pacientes contra ele. Em alguns, os pacientes
tinham problemas de saúde e precisavam das cirurgias para melhora do
quadro clínico. Porém, a grande maioria refere-se a erros em cirurgias
plásticas. Há vários processos judiciais contra o médico. Nos tribunais
regionais, há processos no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de
Janeiro. Também há processos em pelo menos dois tribunais federais, além
de processos trabalhistas.
Pacientes
Nos processos registrados no Paraná, uma paciente aciona Fernando na
Justiça pedindo danos morais e materiais, porque a cirurgia de colocação
de próteses de silicone não ficou a contento. A prótese vazou, causando
infecção. Depois da cirurgia para limpeza da infecção e correção, os
seus seios ficaram diferentes e ela perdeu totalmente a sensibilidade
dos mamilos.
Em outro caso, ocorrido em 2012, uma adolescente, junto com seus
pais, procurou Fernando para uma plástica, para retirar uma cicatriz na
barriga. Diferente do que foi solicitado, Fernando fez nela uma
lipoaspiração e ainda perfurou o intestino da jovem. Cinco dias depois
ela passou muito mal. Estava com infecção generalizada e passou quase
três meses na UTI. Perdeu mais do que devia dos tecidos da barriga e não
podia usar nenhuma roupa por cima, nem se cobrir com um cobertor, pois a
pele ficou muito fina e grudada ao intestino. Este caso chegou a ser
investigado pela Delegacia de Crimes contra a Saúde (Decrisa), concluído
em 2015 e encaminhado à Justiça.
Em outro processo que está tramitando na Justiça paranaense, a
paciente mostra que, em 2008, constatou ter uma úlcera venosa acima do
tornozelo e precisava fazer uma safenectomia, ou seja, cirurgia para
retirada da veia safena. E procurou o Dr. Fernando para o procedimento,
que na época lhe cobrou R$ 2.500. Depois disto, a paciente passou anos
com dores nas pernas, inchaços, tratamentos e terapias. Em 2015,
procurou outro médico e fez novo exame de ecodoppler, que revelou que a
safena não havia sido retirada e por isto ela continuava a passar tão
mal. Foi preciso nova cirurgia, da qual ela pagou mais de R$ 9 mil, sem
contar os tratamentos ao longo destes sete anos, ao custo de quase R$ 7
mil. Neste processo, Fernando já foi condenado a pagar os danos morais e
materiais à paciente.
Há vários outros processos de erros médicos tramitando contra o cirurgião.
Médico cirurgião Fernando Avelar tem mais de 30 anos de experiência e diversas acusações nas costas. Foto: Reprodução/CRM-PR |
Médicos podem atuar em qualquer estado brasileiro que desejarem. No
entanto, precisam ter um registro no CRM de cada estado que atuam.
Fernando tinha registro no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Mesmo que
sua cassação tenha ocorrido pelo Paraná, o registro dele passa a ser
cancelado em todo o Brasil, ou seja, está proibido, definitivamente, de
exercer a medicina nacionalmente.
Só pelo Conselho de Ética paranaense há pelo menos três investigações
contra o médico (podem haver outras, mas não são divulgadas pelo CRM
até que a conclusão seja publicada em edital). Duas delas tiveram
resultados divulgados em edital, em 2014.
Uma terceira investigação, que teve o resultado divulgado no dia 29
de abril deste ano, cassou definitivamente o registro de Fernando. O CRM
não divulga o conteúdo das investigações, apenas o resultado delas, com
as respectivas sanções aplicadas ao médico investigado.
A reportagem entrou em contato com a defesa do médico, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
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