Ele foi indiciado pela polícia nesta quinta-feira (30). Outras vítimas também registraram denúncias
Médico denunciado por assediar pacientes é afastado de hospital, no ES |
A polícia está recebendo novas denúncias contra o médico de 54 anos
acusado de tentar beijar uma jovem à força, no último sábado (24). Ao
menos cinco pessoas dizem ter sido vítimas do homem. Nessa quinta-feira
(3), o médico foi indiciado e afastado do trabalho, em um hospital
particular de Vila Velha.
No sábado (24), ele foi preso por tentar beijar à força uma paciente. Depois, outras denúncias surgiram.
Em depoimento, o médico negou que tivesse cometido o crime. No domingo
(25), ele passou por uma audiência de custódia e foi liberado.
Novas denúncias
Um homem de 44 anos relatou que foi vítima do mesmo médico em 2000. Por
vergonha, o autônomo não quis ser identificado. Ele relata que foi
consultado com o profissional em outubro daquele ano.
Logo em seguida, ele registrou um Boletim de Ocorrência e entrou com um
processo contra o médico que foi julgado em uma audiência no Fórum de
Vila Velha, mas o caso foi arquivado.
“Eu falei que estava sentindo uma dor no peito e no pé da barriga. Ele
mandou eu abaixar a calça e começou a me apalpar. Eu questionei e ele
disse que estava me examinando. Depois, ele me mandou deitar de lado, me
abraçou por trás e começou a me apertar. Quando eu olhei, ele estava
com a calça arriada. Eu empurrei ele, saí correndo pela escada, peguei
minha moto e quando eu cheguei em casa chorando minha mãe perguntou o
que tinha acontecido e eu contei", relata.
Homem relata abuso de médico há 19 anos, no ES — Foto: Reprodução/ TV Gazeta |
Sem ter o caso resolvido, ele entrou em depressão, perdeu o emprego e
terminou o casamento. "Quando eu vi a reportagem, eu voltei a entrar em
desespero. Fui no Fórum e tirei um boletim do processo. Descobri que o
processo tinha sido arquivado. A Justiça não me deu voz e se tivessem me
ouvido essas pessoas não estariam passando por isso hoje", lamenta.
Empresária denuncia assédio de médico, no ES — Foto: Reprodução/ TV Gazeta |
Investigação
O médico de 54 anos atendia como clínico geral e cardiologista, mas, segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM), ele não possui registro das especialidades para exercer essas funções.
O delegado do Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha,
Alexandre Henrique da Rocha Campos, disse que escutou tanto a vítima
quanto o acusado para decidir pelo indiciamento. No dia da denúncia, ele
foi até o hospital e verificou o consultório que foi descrito pela
vítima.
“Eu ouvi tanto a vítima quando o acusado. A vítima foi muito firme em
tudo que disse, já ele titubeou. Depois a gente pegou o histórico e viu
que ele respondeu pela mesma acusação em 2005”, explica o delegado.
Para Campos, o crime é mais difícil de investigar porque não deixam
vestígios e nem provas aparentes. “Nesse caso, o depoimento da vítima é
muito importante para chegar às contradições”, diz.
Além do depoimento, o delegado informou que o médico já tinha sido
preso em flagrante em 2005 pelo crime de atentado violento ao pudor.
“Levamos sempre em consideração o que foi denunciado, mas o histórico é
um norte para saber se já tinha cometido algum crime”. contou
Alexandre. “Depois foram surgindo novas denúncias e vi que fui pelo
caminho correto”.
O crime de importunação sexual, pelo que o médico responde, não cabe
fiança. A pena varia de um a cinco anos de detenção. Ao menos cinco
outras vítimas já denunciaram o médico depois da divulgação do caso.
“A orientação é que as vítimas denunciem. Por mais que tenha sido há
vários anos atrás, pode procurar outra delegacia, isso vai impedir que
aconteçam novos casos”, esclarece o delegado.
A reportagem tenta contato com o profissional, que não atendeu às ligações.
Primeira denúncia
No último sábado (25), o médico foi denunciado e preso depois de beijar à força uma paciente de 18 anos,
dentro de um hospital particular do Ibes, em Vila Velha. De acordo com
relato da mãe à Polícia Militar, o profissional beijou o rosto da garota
durante uma consulta médica.
A menina ainda está assustada e de acordo com o pai dela, a família não quer mais falar sobre o assunto.
Prisão
O médico atua como cardiologista e também atende no pronto-socorro do
hospital. Ele foi preso no final de semana por importunação sexual. No
domingo (26), ele passou por uma audiência de custódia e foi liberado no
mesmo dia.
Afastado
O Hospital São Luiz, onde o médico atuava como médico de Pronto-Socorro, disse que o profissional está afastado
A administração espera a investigação da polícia para tomar qualquer medida administrativa.
CRM-ES
A situação do médico vai ser investigada pelo CRM. Ele não tem
especialização nas áreas de cardiologia e clínica médica que atuava.
Uma sindicância foi instaurada para apurar o caso. O Conselho já enviou
um comunicado para o médico, para que ele se manifeste em no máximo 10
dias.
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