Gaeco e promotoria apontam que 32 pessoas estão supostamente envolvidas em organização criminosa
Ministério Público deflagrou a Operação Hipócrates em 12 de fevereiro para apurar supostas irregularidades nas clínicas | Saulo Ohara/12-2-2019 |
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e a
24ª Promotoria de Justiça de Londrina apresentaram nesta quinta-feira
(23) denúncia criminal contra 37 pessoas em ação contra duas clínicas
psiquiátricas localizadas na zona oeste da cidade. Conforme a denúncia,
32 delas são supostamente envolvidas em organização criminosa instalada
na Clínica Psiquiátrica de Londrina e na Villa Normanda Clínica
Psiquiátrica Comunitária. A denúncia foi assinada pelos promotores de
Justiça Paulo César Vieira Tavares, Leandro Antunes Meirelles Machado e
Jorge Fernando Barreto da Costa.
Entre os investigados
estão os dois diretores das clínicas, Paulo Fernando de Moraes Nicolau e
Maria Lúcia Silvestre, seis funcionários do setor administrativo, sete
do setor de enfermagem, duas psicólogas, duas farmacêuticas, três
assistentes sociais, uma terapeuta ocupacional, um encarregado da
manutenção e oito médicos, totalizando os 32 que estão envolvidos na
organização criminosa, de acordo com a denúncia oferecida pelo MP-PR
(Ministério Público do Paraná). Além desses, a denúncia aponta outras
cinco pessoas que teriam praticado crimes específicos contra pacientes
que estavam internados, entre os investigados estão um ex-segurança e
quatro enfermeiras.
De acordo com a investigação
realizada pelo MP, 11 crimes foram constatados: organização criminosa,
maus-tratos, cárcere privado e peculato mediante erro de outrem,
peculato-desvio, falsidade ideológica, exposição a perigo para a vida e
saúde, lesão corporal e estupro de vulnerável, abandono de incapaz e
exercício irregular da medicina. Ainda segundo a denúncia criminal
oferecida pelos promotores de Justiça, outros delitos estão sendo
investigados. O MP apontou a prática de maus-tratos contra dois
pacientes; cárcere privado contra quatro pacientes do SUS (Sistema Único
de Saúde); estupro contra um paciente. Além disso, foi constatado que
as clínicas não possuem licença sanitária desde 2017.
Em
nota, a direção da Clínica Psiquiátrica de Londrina e da Villa Normanda
declarou que as denúncias feitas pelo MP são resultado do
"desvirtuamento proposital e mal intencionado dos fatos, com o nítido
objetivo de prejudicar a sua imagem e a de seus proprietários". A
direção também afirmou que "nenhuma das irregularidades descritas na
denúncia foi confirmada pelos órgãos oficiais". Ainda conforme a nota de
esclarecimento, a direção ressaltou que a denúncia do MP cita processos
contra as clínicas nos quais o MP teria perdido. "O MP já recebeu ampla
gama de documentos comprovando serem as acusações infundadas, mas
preferiu não considerá-las", pontuou.
OPERAÇÃO HIPÓCRATES
O
MP-PR deflagrou a Operação Hipócrates em 12 de fevereiro deste ano para
apurar irregularidades na Clínica Psiquiátrica de Londrina e Villa
Normanda Clínica Psiquiátrica Comunitária. Na ocasião, seis mandados de
busca e apreensão foram cumpridos em imóveis relacionados às clínicas e
também na residência dos proprietários na área central da cidade.
Dois
mandados de medidas cautelares também foram expedidos e o casal foi
afastado do comando das clínicas, proibido de se aproximar do local e de
manter contato com funcionários e pacientes. Vinte e quatro armas foram
apreendidas durante a operação. Além das armas, foram apreendidos
computadores, pen drives, 50 prontuários médicos, documentos e
equipamentos de informática.
De acordo com o MP, as
irregularidades aconteceram entre 2010 e fevereiro de 2019. Os crimes
foram denunciados à 24ª Promotoria de Justiça no final de 2018 por
ex-funcionários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário