domingo, 26 de maio de 2019

CRM aplica pena disciplinar de censura pública a médico no Piauí

Ato médico cometido teria sido caracterizado como danoso a paciente

Sede do CRM-PI (Foto: Divulgação/Portal Cidade Luz)

O ginecologista e obstetra James Torres Sobrinho foi condenado pelo Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) a censura pública oficial por ter se recusado a atender uma paciente que estava em trabalho de parto na Maternidade Sigefredo Pacheco, no município de Campo Maior, região Norte do Piauí. 

A condenação foi baseada aos artigos 1°, 32 e 87, §1º do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº1.931/2009, DOU 13.10.2009), cujos fatos também estão previstos nos artigos 1°, 32 e 87, §1º do Código de Ética Médica vigente (Resolução CFM nº 2.217/2018, DOU 01.11.2018). O ato cometido é caracterizado como danoso a paciente, pois o profissional teria deixado de "usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor da paciente". 

De acordo com informações do Ministério Público do Piauí que acompanha o caso, tendo o hospital sido denunciado a 1ª Vara da Comarca de Campo Maior, por improbidade administrativa, o caso ocorreu no dia 08 de fevereiro de 2016, quando a paciente foi submetida a um parto normal , realizado pelo médico James Torres Sobrinho, na Maternidade Sigefredo Pacheco, entidade filantrópica contratada como prestadora de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Na ocasião, foi declarado que o bebê nasceu morto. Segundo a paciente, no dia 07 de fevereiro de 2016, ela deu entrada na maternidade, às 14h30 e ás 17h chamou o médico sentindo fortes contrações e solicitou a obstetra que ele realizava ao parto cesariano. 

De acordo com a denúncia do MP, o médico James Torres Sobrinho, teria respondido a paciente que não poderia fazer o parto cesariano, por que se o fizesse a toda grávida que o pedisse não teria mais material suficiente para fazer o parto. 

Ainda, segundo informou a paciente ao MP, por volta das 18h, uma enfermeira chamada Amparo teria chagado na sala com instrumentos próprios para um parto normal, colocados em cima do leito em que a paciente estava deitada, dizendo que iria realizar o parto juntamente com o obstetra James Torres Sobrinho, momento em que a paciente não sentia o bebê mexer. 

Depois de receber alta, o Ministério da Saúde enviou a paciente carta resposta (Carta nº 22686150378, às fls. 11/12), segundo consta, para saber se a mesma foi bem atendida durante o tratamento e internação na Maternidade Sigefredo Pacheco.

Na carta está como motivo da internação: parto cesariano, no valor total de R$626,93(seiscentos e vinte e três reais e noventa e três centavos). Às fls. 30/31, cópia da Autorização da Internação Hospitalar, solicitada e subscrita pelo médico James Torres Sobrinho, na qual se observa constar como procedimento solicitado: parto cesariano.

Consta, ainda, os seguintes procedimentos realizados: primeira consulta de pediatra, atendimento ao recém-nascido, diária de acompanhante de gestante, VDRL p/ detecção de sífilis em gestante. Informa, ainda, a AIH em lume que o parto resultou em nascido vivo, declarando não haver ocorrências de nascidos mortos ou óbitos. 

O promotor Maurício Gomes de Souza, da 3ª Promotoria de Justiça de Campo Maior acompanha o processo civil instaurado contra a Maternidade Sigefredo Pacheco. A unidade de saúde é acusada de improbidade administrativa, violação aos princípios administrativos e erro médico. 


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