As UPAs do Rio de Janeiro são, em sua maioria, administradas de forma
terceirizada, por organizações sociais (OSs). São entidades ditas do
terceiro setor, que ganham milhões do poder público e prestam serviços
mais do que questionáveis.
Na semana que passou dois exemplos repercutidos pela imprensa carioca
comprovam o que dissemos acima. Ambos dizem respeito a unidades
vinculadas à rede estadual, mas geridas por OSs.
Na UPA da Tijuca o inimaginável para uma unidade de saúde ocorreu.
Ratos foram flagrados passeando tranquilos, à luz do dia, dentro da área
da UPA.
O vídeo causou ojeriza nos telespectadores do telejornal da Rede Globo. Veja aqui.
O apresentador lembrou que se há ratos é porque há lixo e falta de
higiene, o que é inadmissível em se tratando de um posto médico.
Já na UPA Ricardo de Albuquerque cenas dramáticas se desenrolaram
após a morte de uma idosa. A família de Elza Hyppolito da Silva, de 75
anos, acusa a equipe de demorar para conseguir uma vaga de internação
para tratar adequadamente a paciente.
Em desespero um dos filhos da vítima chegou a invadir a Unidade de
Pronto-Atendimento com uma machadinha, acusando o serviço de descaso no
encaminhamento do caso. Conforme reportagem do Jornal O Globo, a idosa
sofreu um enfarte no dia 14 de maio, uma terça-feira. Daquele dia até
domingo, dia 19, ela ficou internada na unidade de emergência. Cinco
dias depois da entrada na unidade, ela não resistiu e morreu sem ter
sido consultada por um cardiologista.
“Faltou a minha mãe ser transferida para um hospital de porte quando
ela entrou. Isso não garantiria que ela estivesse viva, mas pelo menos
ela passaria por um especialista. Se tivessem transferido ela assim que
entrou, ela poderia ter sido salva. Porque depois piorou e nem poderia
mais sair de lá de tão frágil que estava”, conta Antonio Carlos
Hyppolito da Silva, de 55 anos.
Após receber a notícia da morte da mãe, o filho mais novo de Elza,
Adriano da Silva, de 35 anos, teve um surto e invadiu a UPA com a
machadinha. Ele foi preso. A família, que pagou a fiança e liberou o
homem no mesmo dia, afirma que ele tem problemas psiquiátricos e se
recusa tratamento. Adriano vai responder pelos crimes de dano ao
patrimônio público e ameaça. Nenhum paciente ou profissional de saúde
foi ferido, mas testemunhas relatam o pânico que tomou conta da unidade,
que estava lotada.
“A gente não tem do que reclamar dos médicos. Mas ela precisava de um
cardiologista e não de um clínico geral”, diz Antônio Carlos. “O único
problema da UPA era a estrutura. Você pisava e parecia que ia abrir um
buraco no chão. As paredes não pareciam firmes. E o ar-condicionado onde
minha mãe ficou não estava funcionando direito. Ela reclamava muito do
calor”.
A Secretaria estadual de Saúde alegou que a idosa chegou à unidade em
estado muito grave e não tinha condições de transferência. A pasta
admitiu o problema no ar-condicionado e afirmou que a organização social
responsável pela unidade já apresentou um projeto para consertá-lo.
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