quarta-feira, 29 de maio de 2019

Mulher dá à luz em cadeira de rodas na entrada de hospital enquanto médico filma com celular; veja vídeo

Caso gerou troca de acusações entre gestores de saúde de cidades vizinhas, em Pernambuco. Mulher estava grávida de gêmeos e segundo bebê nasceu na sala de parto.

Grávida tem bebê em cadeira de rodas na recepção de maternidade enquanto médico filma

Um vídeo feito por um médico que registrou com celular um parto realizado em uma cadeira de rodas na entrada de um hospital provocou a troca de acusações entre gestores de saúde de cidades vizinhas em Pernambuco. No vídeo, o profissional reclama da demora no atendimento, não participa do procedimento de emergência e ainda pede ajuda ao motorista da ambulância. (Veja vídeo acima

O caso aconteceu na madrugada de domingo (26), no Hospital Belarmino Correia, em Goiana, no Grande Recife. Missilene Maria da Conceição, de 35 anos, grávida de gêmeos, chegou ao local, transferida de ambulância, após uma viagem de 11 quilômetros vinda de Condado, na Zona da Mata Norte, onde mora. 

Diante da conduta do médico, identificado como William Flávio Santinoni, a direção do Hospital Belarmino Correia informou que entrará com uma representação no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). 

A unidade também questiona o fato de o profissional, que atua na Maternidade João Pereira de Andrade, em Condado, ter feito a transferência sem aviso prévio ou envio de documentação necessária. 
Hospital Belarmino Correia fica em Goiana, no Grande Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
“Ele, em nenhum momento, chega junto da paciente, e não havia guia de transferência. Além disso, a mulher relatou que não foi examinada em Condado. Se fosse médico do meu plantão, responderia pela atitude”, declara a diretora do Belarmino Correia, Flávia Magno. 

A secretaria de Saúde de Condado, por meio de nota, apontou “negligência” do hospital de Goiana. A administração municipal também disse que também vai levar o caso ao Conselho de Medicina. “É notória a negligência do hospital, fato esse que será levado ao Cremepe aos demais órgãos responsáveis”, diz a nota. 
Hospital João Pereira de Andrade fica em Condado, na Zona da Mata Norte de Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirma, por nota, que, “por se tratar de um parto em estágio avançado e considerado de risco habitual, a paciente poderia ter realizado todo o processo em uma maternidade de baixa complexidade em sua cidade de origem”. 

O governo aponta que é “preciso que os gestores municipais efetivem o pré-natal de qualidade e a garantam da realização do parto de risco habitual em seus territórios”. A SES informa também que determinou a abertura de um processo administrativo para apurar o que aconteceu na transferência e no atendimento à paciente. 

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) esclarece, por meio de nota, que "recebeu a informação sobre o caso e abrirá um expediente para apurar os fatos". Conselho diz, ainda, que a investigação corre sob sigilo processual. 
Grávida dà à luz em cadeira de rodas na entrada de hospital e médico filma tudo
Mesmo com polêmica sobre o vídeo e a conduta do médico, o procedimento de emergência ocorreu com sucesso. Missilene teve um dos bebês de forma improvisada, na cadeira de rodas, e o outro nasceu na sala de parto do hospital. Segundo a unidade, todos passam bem, apesar de uma pequena infecção apresentada pela mãe. (Veja vídeo acima)
 
Esta foi a nona gestação de Missilene, que preferiu não conceder entrevista. O bebê que nasceu na cadeira de rodas ganhou o nome de Andrei. Ele é o nono filho da mulher, que resolveu chamar a menina, que veio ao mundo minutos depois, de Andrielle.
“Eles devem ter alta em até dez dias”, afirma o diretor médico do hospital de Goiana, Roberto Almeida. 
Grávida de gêmeois, mulher deu à luz um bebê na cadeira de rodas na entrada de hospital em GOiana, no Grande Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagens

O parto de um dos gêmeos foi filmado por dois ângulos diferentes. Existem imagens produzidas pelo médico e um conteúdo gravado pelo circuito de segurança do hospital de Goiana. 

No vídeo feito pelo médico é possível acompanhar o momento em que a gestante chega à unidade praticamente dando à luz. O profissional diz que chegou ao local e está esperando pela equipe da unidade. 

“Vai nascer aqui no chão. Faz sete minutos que eu cheguei aqui e o médico não apareceu ainda. A secretária quer fazer ficha em emergência obstétrica. Não sei o que tem na cabeça. A famosa Goiana”, afirma o médico, enquanto filma o parto. 

O vídeo mostra também uma enfermeira e uma técnica ajudando no parto. Missilene grita e conta com apoio das duas profissionais.

Nas imagens do circuito de segurança do hospital o caso é registrado de uma maneira diferente. Dois minutos depois de o médio falar com a recepcionista, a gestante aparece nas imagens, na cadeira de rodas. Em seguida, o primeiro bebê começa a nascer e o profissional passa a registrar as cenas com o celular. 

Oito minutos se passam e a médica de plantão chega ao hospital. Ela presta os primeiros socorros e leva a gestante para a sala de parto. 
Coordenadora de enfermagem de hospital em Condado, Simony Fernandes disse que unidade não faz partos complicados — Foto: Reprodução/TV Globo

Respostas

A Secretaria de Saúde de Condado diz que a maternidade da cidade não tem capacidade para fazer partos com possíveis complicações. A coordenadora de enfermagem da unidade, Simony Fernandes, afirma que era um caso de gêmeos e, por isso, foi necessário fazer a transferência. 

“Foi uma emergência e não deu tempo de fazer a regulação, de enviar a senha para o outro hospital. O médico encaminhou para o hospital especializado mais perto”, afirma. 

O médico William Flávio Santinoni, que filmou a paciente durante o parto, diz que ela foi atendida por uma enfermeira de confiança do hospital onde trabalham em Condado, que está acostumada com o procedimento. 

Ele conta que filmou a situação porque o Hospital de Goiana costuma deixar pacientes aguardando, mesmo em casos de urgência como aquele, para primeiro fazer o cadastro. E afirma que formalizou uma queixa contra a unidade de saúde na Promotoria Pública do Estado, na Secretaria Estadual de Saúde e no Cremepe, pela demora no atendimento da paciente

G1 








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