sexta-feira, 3 de maio de 2019

MP denuncia mais um médico por favorecer quadrilha de charlatães, em Alagoas

Médico emprestava dados e contas para exercício ilegal da profissão em maternidade pública

Casa Maternal Mãe Luiza, em Piaçabuçu. Foto: Piaçabuçu News
O aprofundamento das investigações do Ministério Público Estadual de Alagoas (MP/AL) sobre uma organização criminosa (Orcrim) composta por um médico e dois falsos médicos resultou em nova denúncia que inseriu mais um médico na ação penal. O novo denunciado está cadastrado na Casa Maternal Mãe Luiza, em Piaçabuçu (AL), e é acusado de emprestar seus dados e contas bancárias para favorecer os dois pretensos médicos no exercício ilegal da profissão na maternidade pública. O prejuízo material causado com as atividades ilícitas soma R$ 65.150,00, somente nesta unidade de saúde.

Sem divulgar nomes para não atrapalhar o avanço das investigações, o MP afirma que o mais recente denunciado é médico regularmente inscrito e peça importante na Orcrim que atua em unidades públicas de saúde de Alagoas. E possui total domínio dos fatos criminosos praticados.

Graças à participação dos médicos que eram cadastrados para atuar nas unidades de saúde, os falsos médicos executavam os plantões, irresponsavelmente, colocando em risco a vida da população. em dois núcleos criminosos que atuavam em Major Izidoro, no Sertão; e em Piaçabuçu, no Litoral Sul de Alagoas.

O órgão ministerial pede a fixação de R$ 90.150,00 como valor mínimo a ser pleiteado para ressarcir os danos causados pelos crimes. Sendo R$ 25.500,00 aos Município de Major Izidoro e R$ 65.150,00 ao de Piaçabuçu. E não descarta que o prejuízo seja maior.

O novo denunciado recebia os valores referentes aos plantões e, em seguida, os repassava aos pretensos médicos, dissimulando a origem ilícita do dinheiro.

O MP ressalta nos autos o grau de periculosidade da organização criminosa e os danos por ela causados a centenas de cidadãos, ao pedir o aditamento à denúncia, dando-se prosseguimento à ação penal que será julgada pela 17ª Vara Criminal da Capital.
Investigação de falsos médicos teve prisões em operação do MP de Alagoas, em 2018. Foto: Reprodução/Arquivo
Prisões e denúncias

Em 14 de agosto do ano passado, uma operação coordenada pelo MP de Alagoas prendeu três acusados de exercer ilegalmente a Medicina em Alagoas. O promotor de Justiça Guilherme Diamantaras, de Major Izidoro, ajuizou denúncia em desfavor de um médico, e de outros dois formados na Bolívia e no Paraguai, após relatos de funcionários da Unidade Mista de Saúde Dr. Ezechias da Rocha, de Major Izidoro.

A forma de atendimento dos falsos médicos, a exemplo de verificar no aparelho celular o que poderia prescrever aos pacientes, despertou desconfiança. Os procedimentos eram contestados inclusive por técnicos de enfermagem.

Na Unidade Mista, um dos denunciados exerceu ilegalmente a função de médico plantonista, de março a julho (2018), se passando por seu irmão, o médico denunciado, de quem possuía cópias dos documentos e nos quais colocava sua fotografia para ludibriar os contratantes. Já o outro farsante, utilizava documentos do próprio pai, de nome igual, falsificando sua assinatura nas fichas de atendimento.

Os denunciados são acusados de organização criminosa, embaraçar investigação de Orcrim, exercício ilegal da Medicina, estelionato majorado, falsidade ideológica e lavagem de capitais.

O MP explica que os nomes não foram divulgados, por ora, uma vez que há indícios da prática dos mesmos crimes em outros municípios alagoanos, os quais são objeto de investigação.

A nova ação com o aditamento de denúncia foi assinada pelos promotores de Justiça Guilherme Diamantaras, titular de Major Izidoro, Kleber Valadares e Cyro Blatter, ambos do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal (Gaesf), além de Carlos Davi Lopes e Eloá da Carvalho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). (Com informações da Ascom do MP de Alagoas)







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