Unidade, que funcionava como maternidade, hoje abriga até usuários de drogas
No interior o retrato do abandono |
O prédio do Hospital da Mulher e Maternidade no Bairro Moreninha III,
desativado há mais de dois anos, está totalmente abandonado e
depredado. Com portas arrombadas, materiais de construção furtados,
janelas quebradas e muita sujeira, o local deixou de atender a população
e agora serve apenas de abrigo para usuários de droga. A situação deixa
preocupados os moradores da região, além de funcionários da Unidade
Básica de Saúde da Família (UBSF) e da Unidade de Pronto Atendimento
(UPA), ambas localizadas no entorno do antigo hospital.
A reportagem esteve no local e constatou a situação do prédio, onde
não há nenhum tipo de segurança e é fácil entrar e sair. No antigo
Centro Regional de Saúde (CRS), que funcionou até a inauguração da UPA
das Moreninhas – em 11 de fevereiro de 2016 – e que fica ao lado do
hospital abandonado, o problema é o mesmo. De, lá foram levadas todas as
lâmpadas, torneiras e outros itens de acabamento.
“Tem gente de dia usando droga nas salas abandonadas do hospital.
Eles entram pelo fundo, arrombam as portas, levam os materiais de
construção. Esses dias, tentaram quebrar a porta da cozinha, onde tem um
monte de materiais que foram deixados, [porém] ainda não conseguiram.
Mas, se nada for feito, vão acabar com tudo”, afirmou uma funcionária da
UBSF, que pediu para não ter o nome divulgado.
No prédio, ainda estão materiais como macas, colchões, bebedouros,
armários, além de motores de ar-condicionado, geladeiras, freezer
horizontal, fogão industrial e outros itens. A entrada dos vândalos no
prédio é pela Rua Amapá Doce, e quem mora por ali também denuncia os
problemas, mas, por medo, preferem não se identificar.
“Eu moro aqui há 15 anos, e o abandono começou há uns dois anos. Os
portões são abertos, não tem ninguém cuidando. A gente vê os bandidos
colocando motos aí dentro, tem dia que saem com várias coisas daí. Já vi
até carregando dois aparelhos de ar condicionado”, disse um homem que
mora na região.
Por conta do medo, os moradores que aceitaram falar sobre os
problemas dizem que não chegaram a denunciar a situação. “Primeiro
porque não iam fazer nada mesmo. E depois, a gente fica visado se fala
qualquer coisa, poderiam até nos fazer mal”, afirmou outro.
OBRA
O Hospital da Mulher Vó Honória Martins Pereira foi inaugurado em 9 de março de 2000 e tinha 12 leitos para internação. O centro cirúrgico do local foi interditado pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2016, por conta de graves problemas sanitários, e no fim de 2017 a unidade já estava totalmente desativada. Contudo, no dia 19 de fevereiro de 2018, foi anunciada a obra de adequação para implantar ali a Casa de Parto e Pequenas Cirurgias. Com isso, o prédio seria ampliado para expandir os serviços e a previsão era de que a obra fosse concluída em um ano.
O Hospital da Mulher Vó Honória Martins Pereira foi inaugurado em 9 de março de 2000 e tinha 12 leitos para internação. O centro cirúrgico do local foi interditado pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2016, por conta de graves problemas sanitários, e no fim de 2017 a unidade já estava totalmente desativada. Contudo, no dia 19 de fevereiro de 2018, foi anunciada a obra de adequação para implantar ali a Casa de Parto e Pequenas Cirurgias. Com isso, o prédio seria ampliado para expandir os serviços e a previsão era de que a obra fosse concluída em um ano.
Porém, o que sobrou foi apenas a placa na entrada principal – na Rua
Guarabu da Serra, entre a UBSF e a UPA –, indicando o projeto que não
foi concluído. Na época do lançamento, há mais de 14 meses, o prefeito
Marcos Trad fez promessa de não deixar a obra parada. “Estamos aqui
dando a ordem de serviço para a reforma deste hospital. Estamos
cumprindo mais um programa do nosso governo. Vamos terminar todas as
obras dos nossos antecessores e entregar para a população funcionando”.
Antes
do projeto, o então secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela,
afirmou que o local seria reativado como Hospital Dia, para atender a
demandas ambulatoriais, e como centro cirúrgico municipal. Mas, para
efetivar a intenção, seriam necessários R$ 470 mil para a obra.
Entre as ações anunciadas e as que nunca saíram do papel, o cenário
atual é de abandono. “A gente fica se perguntando para onde vai tanto
dinheiro. Enquanto isso, não conseguimos nem mesmo marcar uma consulta
no posto porque só tem uma médica. Antes tinha quatro, agora é apenas
uma. Na UPA, também não conseguimos atendimento. Porque não adequaram o
hospital para continuar funcionando? Inventaram moda e está aí
desativado, servindo de abrigo para bandido”, afirmou uma moradora.
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