Família alega negligência no atendimento a Felipe José dos Santos. Caso ocorreu em Mongaguá, mas menino precisou ser transferido para o Hospital das Clínicas.
Bebê está internado na UTI Neonatal do Hospital das Clínicas após ter o braço esquerdo amputado, conforme relata a tia do menino — Foto: Arquivo pessoal/Sibele dos Santos |
Um bebê de 1 mês teve o braço esquerdo amputado após a telha da casa
onde vive cair em cima dele, em Mongaguá, no litoral de São Paulo. O G1
conversou com familiares da criança nesta sexta-feira (3), que
afirmaram que houve negligência no atendimento a Felipe José dos Santos.
Segundo Sibele dos Santos, tia do bebê, no domingo (28), com o temporal
que atingiu a Baixada Santista, rajadas fortes de vento fizeram com que
a telha da residência da família de Felipe, localizada no bairro Agenor
de Campos, caísse. Mãe e filho estavam na sala, quando parte do teto
desabou em cima deles e atingiu o braço do menino.
Conforme relata a tia da criança, a mãe de Felipe ficou desesperada e o
levou às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais
próxima. A Prefeitura de Mongaguá informou ao G1 que na UPA, o bebê e sua mãe deram entrada por volta das 18h20.
Telha da casa caiu em cima da mãe e do filho, em Mongaguá, SP, e bebê teve braço amputado — Foto: Arquivo pessoal/Sibele dos Santos |
A criança chorava muito e estava sangrando, sendo assistida na sala de
emergência, onde o médico prestou os primeiros atendimentos. Em seguida,
de acordo com a prefeitura, foi solicitada avaliação com o ortopedista,
que realizou procedimentos para estabilizar o sangramento, pois se
tratava de uma fratura exposta.
Em paralelo, teve início uma busca ativa por vagas via telefone, pois
na ocasião não havia sistema da Central de Regulação de Oferta de
Serviços de Saúde (Cross), conforme relatado pela prefeitura. As equipes
fizeram o primeiro contato no Hospital Regional de Itanhaém, onde foram
orientadas a transferirem o bebê para o Hospital Irmã Dulce, em Praia
Grande, pois seria a referência em traumas.
O Hospital Irmã Dulce autorizou a transferência, que aconteceu por
volta das 18h35. A direção do Hospital Municipal Irmã Dulce esclareceu
que o paciente foi prontamente atendido, após passar previamente por
outro serviço de saúde no município de Mongaguá, segundo relatos
repassados à equipe médica.
Parte da telha da sala da residência caiu com o vento forte que atingiu Mongaguá, SP — Foto: Arquivo pessoal/Sibele dos Santos |
De acordo com o hospital, o paciente recebeu toda a assistência
necessária, passando por exames e também sendo medicado. Porém, o local
não é referência para reimplante de membros, sendo necessária a inserção
do paciente na Cross, o que também foi feito momentos após seu
atendimento inicial. Foi requisitada também uma ambulância para remoção
do paciente que, assim que chegou na unidade, o levou ao Hospital das
Clínicas, em São Paulo, como paciente vaga zero.
Segundo a Prefeitura de Mongaguá, por volta das 19h, o Hospital Irmã
Dulce contatou a UPA solicitando ajuda para realizar a remoção da
criança para o Hospital das Clínicas, pois o menino foi transferido com
vaga cedida de UTI Neonatal. Porém, o Irmã Dulce não dispunha no momento
de ambulância UTI para isso. A administração afirma que então
encaminhou o equipamento com a equipe médica pediátrica para realizar a
transferência, que foi concluída às 22h24.
Negligência
Para a família, a perda do braço do bebê é resultado de negligência,
pela demora na realização da transferência da criança. De acordo com
Sibele, os médicos que realizaram a cirurgia do sobrinho falaram que a
amputação foi necessária devido a demora no atendimento.
A tia tenta arrecadar coisas para o bebê após o ocorrido . "Poderia ter
sido diferente. O que não aceitamos é isso, tanto é que só chegou a
esse ponto por conta da demora. É muita dor para a família, porque ele é
tão pequenininho. Os pais estão muito abalados, estão sofrendo muito",
desabafa Sibele.
Em nota, o Hospital Irmã Dulce afirma que não houve qualquer tipo de
negligência ou demora por parte da unidade no atendimento e que a
liberação de vagas para transferência de pacientes para serviços de
referência via CROSS não depende do Irmã Dulce e sim destes locais.
De acordo com ela, a mãe da criança se machucou e levou alguns pontos
na cabeça, mas passa bem. Em nota, o Hospital das Clínicas informa ao G1 que Felipe está estável na UTI Neonatal.
Bebê de um mês segue internado na UTI Neonatal após ter o braço esquerdo amputado — Foto: Arquivo pessoal/Sibele dos Santos |
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