sexta-feira, 3 de maio de 2019

Criança de 5 anos morre com suspeita de dengue na BA; mãe relata demora em diagnóstico e erro médico

Óbito ocorreu na última segunda-feira (29). Do início do ano até agora, o município já registrou quase 1.481 casos confirmados da doença e seis mortes.

Criança de cinco anos morre com suspeita de dengue em Feira de Santana
Uma menina de cinco anos morreu com suspeita de dengue, na cidade de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. De janeiro a 21 de abril, foram notificados no município 5.896 casos da doença, sendo 1.481 já confirmados e seis mortes, segundo a Secretaria de Saúde municipal — outros quatro óbitos estão sob investigação. 

O óbito de Samile Brito Araújo ocorreu na segunda-feira (29), e a família reclama da demora no diagnóstico da doença e de suposto erro médico. 

A mãe, Saionara Brito Santos, contou que a filha começou a passar mal uma semana antes, teve febre alta e dor de cabeça. 

Criança morreu com suspeita de dengue na Bahia — Foto: Reprodução/TV Subaé
"Eu levei para a policlínica, ela foi medicada e voltou para casa. Na quarta, pela manhã, ela acordou com dor de cabeça e se coçando. Eu voltei a levá-la para a policlínica. Eu achei que tinha sido reação ao medicamento. Lá, o médico deu o mesmo medicamento e a febre não baixava, e passou a tarde lá, dando banho e tal", afirmou. 

"Na quarta para a quinta, ela teve uma coceira nos pés, e eu comecei a coçar com escova de cabelo, porque não amenizava. Na quinta, ela amanheceu já vomitando, não queria comer", completou a mãe. 

Depois de ser diagnosticada com dengue, a menina chegou a ser transferida para o Hospital da Criança, mas não resistiu. 

"Chegando lá, o médico, antes de fazer qualquer exame, avaliou ela e falou para mim que o caso dela era aparentemente grave. Da terça-feira até o dia em que ela foi embora, ela sofreu bastante, bastante. Eu via que ele estava fazendo tudo para salvar minha filha, mas não conseguiu", lamentou a mãe. 
Mãe diz que houve demora no diagnóstico da doença e relata erro médico — Foto: Reprodução/TV Subaé
Saionara acredita que, além da demora em diagnosticar a doença da filha, houve erro médico. 

"O primeiro médico disse que só poderia fazer exame na sexta e, na sexta, ela já estava ruim. Ela começou a ter convulsão. Se ele tivesse feito alguma coisa naquela terça-feira que ela ainda estava conversando, ela estava brincando, ela estava andando, poderia ter ajudado em alguma coisa. E na UPA, o médico falou que as plaquetas dela estavam baixas, mas que não era dengue. Eu acreditei no que ele me falou e eu fui embora com minha filha", afirma. 

A Secretaria de Saúde do município informou que tem capacitado agentes para combater os focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças como chikungunya e zika. 

"Ampliamos muito notificação. E o que quer dizer isso em relação a 2018? Nós observamos que a medida que capacitarmos as pessoas, os profissionais de saúde, as informações começaram a chegar para a secretaria. Então, é importante que tenhamos um número de notificações, o maior número possível, porque a medica em que temos as notificações, traçamos ações estratégicas para atender", afirma a secretária Denise Mascarenhas. 
Óbito de Samile Brito Araújo ocorreu na segunda-feira (29) — Foto: Reprodução/TV Subaé
A Vigilância Epidemiológica disse que tem atuado nas comunidades, mas a secretaria de Saúde afirma que, no entanto, muitos focos da dengue estão localizados em residências e os agente encontram dificuldades para entrar e realizar os trabalhos. 

"A gente tem essa dificuldade, o Ministério Público está junto com a gente, principalmente nas casas abandonadas, fechadas. Temos feito um trabalho muito de perto para que possamos encontrar os donos. Se tiver placa de aluguel, a gente entra em contato com as corretoras. Estamos sempre buscando isso", disse. 

Com relação ao atendimento na Unidade de Pronto Atendimento, a secretaria municipal disse, por meio de nota, que não recebeu nenhuma reclamação da família da criança e que a unidade de saúde agiu de acordo com os protocolos. Disse, também, que a morte de Samila segue sob investigação.

Risco de surto

Aedes aegypti é o transmissor da dengue, vírus zika e chikungunya. — Foto: Divulgação
A Bahia tem 104 cidades em situação de risco de surto de dengue, zika e chikungunya, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde na terça-feira (30). 

Os números são resultado do primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) de 2019. O estudo separa as cidades em níveis de risco, alerta e satisfatório.
Segundo o levantamento, realizado entre janeiro e março, Salvador e outros 184 municípios baianos estão em estado de alerta para as doenças. 

O resultado da pesquisa deste ano representa um aumento em relação ao estudo divulgado em dezembro de 2018. Na época, apenas 69 cidades baianas tinham risco de surto das doenças - 35 municípios a menos.

Brasil

No estudo deste ano, 5.214 mil municípios realizaram algum tipo de monitoramento do mosquito transmissor dessas doenças, sendo 4.958 (95,1%) por levantamento de infestação (LIRAa/LIA) e 256 por armadilha. 

No total, 25 capitais participaram do estudo. Cinco delas estão com índice satisfatório: Boa Vista (RR), João Pessoa (PB), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e o Distrito Federal. A capital Cuiabá (MT) está em risco. 

Outras 16 capitais estão em alerta: Fortaleza (CE), Porto Velho (RO), Palmas (TO), Salvador (BA), Teresina (PI), Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Vitória (ES), São Luis (MA), Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM), Maceió (AL), Aracaju (SE) e Goiânia (GO).

Casos

Em 2019, até 13 de abril, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no país, aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 102.681 casos. 

A incidência, que considera a proporção de casos em relação ao número de habitantes, tem taxa de 216,6% casos/100 mil habitantes. O número de óbitos pela doença também teve aumento, de 186,3%, passando de 66 para 123 mortes. 

Em relação à zika, foram registrados 3.085 casos, com incidência de 1,5 caso/100 mil hab. Em 2018, no mesmo período, ocorreram 3.001 casos prováveis. Em 2019, não foram registrados óbitos por zika. 

Também foram registrados 24.120 casos de chikungunya no país, com uma incidência de 11,6 casos/100 mil hab. Em 2018, foram 37.874 casos – uma redução de 36,3%. Em 2019, não foram confirmados óbitos por chikungunya.

 G1
















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