Família está indignada com o atendimento prestado
Familiares da vítima- Foto: Varlei Cordova /AGORA MATO GROSSO |
Dor e indignação, esses são os sentimentos da família do pedreiro
Evaldo Pereira Lisboa, 50 anos, que morreu na madrugada de segunda-feira
(29) na Unidade de Pronto Atendimento de Rondonópolis após esperar mais
de 30h por um diagnóstico.
A família alega que o caso foi negligência médica e diz que o que aconteceu na unidade foi praticamente uma ‘execução’.
De acordo com o irmão da vítima, Evandro Pereira, na tarde de sábado
(27) o pedreiro teria passado mal na obra onde estava trabalhando. Ele
havia se deitado no chão, pois há cerca de dois dias não conseguia se
alimentar por falta de apetite. “A dona da casa em que meu irmão estava
acionou o Samu para que ele fosse levado à UPA, mas ele estava
consciente e falando normalmente” afirmou o irmão.
Ele conta ainda que por volta das 18h40 do mesmo dia os médicos deram
alta a Evaldo dizendo que ele estava bem, mas antes de deixar a unidade
ele caiu no corredor da unidade e bateu a cabeça com força “Depois que
meu irmão caiu lá dentro da UPA ele não voltou mais ao normal. Ele
estava agitado e não parava. Eles tiveram que dar um sedativo para fazer
o raio-x da cabeça e nenhum outro medicamento ou alimento foi dado a
ele até a morte”, conta.
Segundo a família, o médico analisou o raio-x e disse que estava tudo
normal e que ele ficaria na unidade somente até passar o efeito do
sedativo.
Raio-x divulgado pela família – Foto: Varlei Cordova /AGORA MATO GROSSO |
Por volta das 8h da manhã de domingo (28), ainda segundo o irmão, Evaldo
estava gemendo e um pouco agitado. Ele teria ido até uma das atendentes
que afirmou a ele que devia ser o efeito do sedativo passando.
Momento em que Evaldo teria caído dentro da unidade- Foto: familiares |
Ele teria ficado o dia inteiro do mesmo jeito e a família notou que o
olho do pedreiro estava roxeando, o que eles atribuem a queda e a
fratura no crânio. Já a noite, alguns médicos teriam se desentendido
sobre o diagnóstico do paciente e um deles pediu a transferência para o
Hospital Regional.
Os familiares foram informados que não poderiam mais acompanhar o
paciente e que seriam informados da situação dele na manhã da segunda
(29) já no Regional.
Fato que não aconteceu, já que Evaldo morreu ainda na UPA por volta das 1h da manhã.
“Eles mataram meu irmão! Como pode um médico não ter visto uma lesão
daquele tamanho no raio-x. Eles são assassinos”, desabafou o irmão.
Marcos Vinícius, sobrinho da vítima, desabafou nas redes sociais após
a morte do tio. “ Eles falam que meu tio estava na rua por ele estar
sujo, mas ele estava trabalhando, mesmo que fosse, todos merecem um
atendimento de qualidade. Meu tio agonizou por mais de 30h até morrer e
eles deixaram”.
Ele contou ao Portal AGORA MATO GROSSO que a unidade alega que o tio dele tinha epilepsia, caso que a família contesta.
O Laudo entregue à família aponta como causa da morte traumatismo
craniano. Trauma esse que eles atribuem a queda dentro da Unidade.
“Meu irmão caiu dentro da UPA por descaso e eles não viram e mesmo
que ele já tivesse dado entrada com esse ferimento, como pode esses
médicos não terem visto após os exames. Isso é uma vergonha para saúde
do nosso município”
Evaldo deixou três filhos, entre eles um de 14 anos.
A equipe do Portal procurou a UPA. Veja na íntegra a nota enviada:
NOTA DE ESCLARECIMENTO UPA:
A coordenação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de
Rondonópolis informa que o senhor Evaldo Pereira Lisboa, 50 anos, deu
entrada na unidade por volta das 15 horas do sábado (27), encaminhado
pelo Samu, após ter sido encontrado desacordado na rua. Já na UPA, onde
chegou ainda desacordado recebeu tratamento médico e já estava
caminhando, quando por volta das 19 horas teve um mal súbito e caiu,
tendo na sequência uma convulsão.
Foi então atendido e medicado, e estava sendo acompanhado pela
equipe médica da UPA. Porém seu quadro clínico evoluiu para uma piora e o
paciente precisou ser encaminhado para o box de emergência da unidade
de saúde, onde morreu em torno das 1h30 da madrugada da segunda-feira
(29).
A coordenação da UPA ressalta que o paciente já possuía histórico de crises convulsivas.
O corpo foi encaminhado na segunda-feira (29) para o Instituto
Médico Legal (IML) de Rondonópolis e o laudo indicou que a causa de
morte foi traumatismo craniano.
Diante da situação, a coordenação da UPA formou uma comissão na
terça-feira (30) que está trabalhando na averiguação do evento adverso
relacionado com a morte do paciente.
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