sexta-feira, 3 de maio de 2019

Família acusa médicos de negligência e diz que pedreiro foi ‘assassinado’ na unidade

Família está indignada com o atendimento prestado
Familiares da vítima- Foto: Varlei Cordova /AGORA MATO GROSSO
Dor e indignação, esses são os sentimentos da família do pedreiro Evaldo Pereira Lisboa, 50 anos, que morreu na madrugada de segunda-feira (29) na Unidade de Pronto Atendimento de Rondonópolis após esperar mais de 30h por um diagnóstico.

A família alega que o caso foi negligência médica e diz que o que aconteceu na unidade foi praticamente uma ‘execução’.
 
Local onde a vítima trabalhava e que teria sido socorrida -Foto: familiares

De acordo com o irmão da vítima, Evandro Pereira, na tarde de sábado (27) o pedreiro teria passado mal na obra onde estava trabalhando. Ele havia se deitado no chão, pois há cerca de dois dias não conseguia se alimentar por falta de apetite. “A dona da casa em que meu irmão estava acionou o Samu para que ele fosse levado à UPA, mas ele estava consciente e falando normalmente” afirmou o irmão.

Ele conta ainda que por volta das 18h40 do mesmo dia os médicos deram alta a Evaldo dizendo que ele estava bem, mas antes de deixar a unidade ele caiu no corredor da unidade e bateu a cabeça com força “Depois que meu irmão caiu lá dentro da UPA ele não voltou mais ao normal. Ele estava agitado e não parava. Eles tiveram que dar um sedativo para fazer o raio-x da cabeça e nenhum outro medicamento ou alimento foi dado a ele até a morte”, conta.

Segundo a família, o médico analisou o raio-x e disse que estava tudo normal e que ele ficaria na unidade somente até passar o efeito do sedativo.
Raio-x divulgado pela família – Foto: Varlei Cordova /AGORA MATO GROSSO
Por volta das 8h da manhã de domingo (28), ainda segundo o irmão, Evaldo estava gemendo e um pouco agitado. Ele teria ido até uma das atendentes que afirmou a ele que devia ser o efeito do sedativo passando.
Momento em que Evaldo teria caído dentro da unidade- Foto: familiares
Ele teria ficado o dia inteiro do mesmo jeito e a família notou que o olho do pedreiro estava roxeando, o que eles atribuem a queda e a fratura no crânio. Já a noite, alguns médicos teriam se desentendido sobre o diagnóstico do paciente e um deles pediu a transferência para o Hospital Regional.

Os familiares foram informados que não poderiam mais acompanhar o paciente e que seriam informados da situação dele na manhã da segunda (29) já no Regional.
Fato que não aconteceu, já que Evaldo morreu ainda na UPA por volta das 1h da manhã.

“Eles mataram meu irmão! Como pode um médico não ter visto uma lesão daquele tamanho no raio-x. Eles são assassinos”, desabafou o irmão.

Marcos Vinícius, sobrinho da vítima, desabafou nas redes sociais após a morte do tio. “ Eles falam que meu tio estava na rua por ele estar sujo, mas ele estava trabalhando, mesmo que fosse, todos merecem um atendimento de qualidade. Meu tio agonizou por mais de 30h até morrer e eles deixaram”.

Ele contou ao Portal AGORA MATO GROSSO que a unidade alega que o tio dele tinha epilepsia, caso que a família contesta.
O Laudo entregue à família aponta como causa da morte traumatismo craniano. Trauma esse que eles atribuem a queda dentro da Unidade.

“Meu irmão caiu dentro da UPA por descaso e eles não viram e mesmo que ele já tivesse dado entrada com esse ferimento, como pode esses médicos não terem visto após os exames. Isso é uma vergonha para saúde do nosso município”
Evaldo deixou três filhos, entre eles um de 14 anos.
A equipe do Portal procurou a UPA. Veja na íntegra a nota enviada:

NOTA DE ESCLARECIMENTO UPA:

A coordenação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rondonópolis informa que o senhor Evaldo Pereira Lisboa, 50 anos, deu entrada na unidade por volta das 15 horas do sábado (27), encaminhado pelo Samu, após ter sido encontrado desacordado na rua. Já na UPA, onde chegou ainda desacordado recebeu tratamento médico e já estava caminhando, quando por volta das 19 horas teve um mal súbito e caiu, tendo na sequência uma convulsão.

Foi então atendido e medicado, e estava sendo acompanhado pela equipe médica da UPA. Porém seu quadro clínico evoluiu para uma piora e o paciente precisou ser encaminhado para o box de emergência da unidade de saúde, onde morreu em torno das 1h30 da madrugada da segunda-feira (29).

A coordenação da UPA ressalta que o paciente já possuía histórico de crises convulsivas.
  O corpo foi encaminhado na segunda-feira (29) para o Instituto Médico Legal (IML) de Rondonópolis e o laudo indicou que a causa de morte foi traumatismo craniano.

Diante da situação, a coordenação da UPA formou uma comissão na terça-feira (30) que está trabalhando na averiguação do evento adverso relacionado com a morte do paciente.











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