“Você é parideira, se pariu três esse aí vai ser também de parto normal”.
Jerry Adriano e Francisca das Chagas |
O projeto do casal Francisca das Chagas e Jerry Adriano Delmiro tinham
como sonho ter quatro filhos, Jayron Adriano seria a realidade deste
sonho. Moradores da Vila Leal Brasil em Zé Doca, planejaram o nascimento
do bebê, já tinham todas as roupas, fraudas, até o cantinho da criança,
a mãe fez todo o pré-natal, realizou os exames necessários. Ela ganhou
até um chá de bebê surpresa para coroar esse momento lindo que sempre
desejou ao lado do esposo. Um sonho que foi interrompido, ela atribui
isso a negligência médica.
Chá de Bebê surpresa |
Em conversa com a mãe, ela relata sobre sua gravidez, denúncia que
consta no Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Regional de Zé
Doca no dia 24/04/2019.
Francisca das Chagas conhecida como “Chaguinha” teve uma gestação um
pouco complicada, pois sangrou até o sétimo mês, depois parou, foi
informada em clínica particular que o filho não nasceria de parto
normal.
Foto registrada com 37 semanas de gestação |
Quando estava com 39 semanas de gestação, foi ao Hospital Municipal
Dr. Isaías, foi aconselhada a voltar para casa e esperar sentir dor e
completar as 40 semanas. No dia 10/04/2019 ela retornou ao Hospital
Municipal Dr. Isaías, pois já estava com 40 semanas de gestação, pediram
para ela esperar mais um pouco, pois o bebê nasceria de parto normal.
Ela voltou dia 12/04/2019, quando o médico do hospital pediu para ela
esperar até o dia 14/04/2019. Francisca das Chagas sofreu sangramentos
dia 15/04/2019, mas não apresentava dores. Retornou ao Hospital
Municipal Dr. Isaías na manhã do dia 16/04/2019, quando o médico disse
que o sangramento era normal e que até a tarde teria o bebê. Francisca
das Chagas voltou para casa, a tarde retornou ao Hospital Municipal Dr.
Isaías.
“O médico não examinou os batimentos cardíacos, apenas me perguntou: quantos
filhos você teve de parto normal? –Três, eu respondi. Então tu é
parideira, e se tu pariu três essa vez também vai ser de parto normal,
não pode ser diferente”. Disse Francisca das Chagas sobre a conversa que teve com o médico.
Ela tentou mostrar ao médico a Ultrassonografia que havia feito em clínica particular, porém foi ignorada:
“Eu estava preocupada,
levava todos os documentos, exames, tudo do pré-natal, reunia tudo numa
pasta para mostrar mas ele nunca olhou, sempre ignorou. Falei para ele
que tinha feito uma Ultrassonografia com um médico particular, mas ele
disse que era especulação médica, ignorou todo o meu pré-natal. Nunca
tive oportunidade de falar o que eu passei na gravidez e sobre o que
estava acontecendo. Ele só dizia: ele está prestes a nascer, daqui a
pouco venha de novo”.
Ultrassonografia com 36 semanas de gestação |
Francisca das chagas, voltou preocupada para casa, pois já havia sido
alertada que não poderia ter o filho de parto normal, e tinha todos os
exames que apontavam isso. Ela começou então a sentir dores, calafrios, o
bebê não mexia como antes. Pela manhã do dia 17/04/2019, ela retornou
ao Hospital Municipal Dr. Isaías. Desta vez para receber a notícia que
seu sonho e do esposo foi interrompido. Ao ser encaminhada para
realizar uma Ultrassonografia de Emergência, constatou que o Óbito Fetal
foi concluído.
“Então falaram pra mim que o
bebê estava em óbito, tinha morrido asfixiado devido o tempo que passou
do período de nascer, já estava em torno de 42 semanas”.
Certidão de Natimorto |
Francisca das Chagas voltou ao Hospital, agora para fazer a cesária, tarde demais, o bebê foi retirado sem vida.
“Eu perguntei para o
médico, de que serviria o pré-natal, se a carteira, exames, tudo era
ignorado, como se os 9 meses de consultas não fossem nada. O atendimento
só mudou após a descoberta do óbito”.
Guia de Sepultamento |
Francisca das Chagas pretende entrar com Ação Judicial contra o município por negligência médica:
“Eu planejei meu filho,
tinha tudo pra ele, planejei minha vida com ele. Procurar a justiça não
amenizará minha dor, mas poderá evitar que outros casos assim
aconteçam”.
A mãe aflita já fez doação de algumas roupas e fraudas que seriam de
Jayron Adriano, menos a roupinha que havia separado para vestir ele pela
primeira vez, além de outra que ela guardou imaginando o dia que sairia
do hospital com ele nos braços. Agora ficou o sentimento de profunda
tristeza e uma dor irreparável.
Foto: Jayro Adriano Lino dos Santos |
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