segunda-feira, 13 de maio de 2019

Mãe denuncia negligência médica após morte de bebê em Zé Doca


“Você é parideira, se pariu três esse aí vai ser também de parto normal”.
Jerry Adriano e Francisca das Chagas
O projeto do casal Francisca das Chagas e Jerry Adriano Delmiro tinham como sonho ter quatro filhos, Jayron Adriano seria a realidade deste sonho. Moradores da Vila Leal Brasil em Zé Doca, planejaram o nascimento do bebê, já tinham todas as roupas, fraudas, até o cantinho da criança, a mãe fez todo o pré-natal, realizou os exames necessários. Ela ganhou até um chá de bebê surpresa para coroar esse momento lindo que sempre desejou ao lado do esposo. Um sonho que foi interrompido, ela atribui isso a negligência médica.
Chá de Bebê surpresa
Em conversa com a mãe, ela relata sobre sua gravidez, denúncia que consta no Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Regional de Zé Doca no dia 24/04/2019.
Francisca das Chagas conhecida como “Chaguinha” teve uma gestação um pouco complicada, pois sangrou até o sétimo mês, depois parou, foi informada em clínica particular que o filho não nasceria de parto normal.
Foto registrada com 37 semanas de gestação
Quando estava com 39 semanas de gestação, foi ao Hospital Municipal Dr. Isaías, foi aconselhada a voltar para casa e esperar sentir dor e completar as 40 semanas. No dia 10/04/2019 ela retornou ao Hospital Municipal Dr. Isaías, pois já estava com 40 semanas de gestação, pediram para ela esperar mais um pouco, pois o bebê nasceria de parto normal. Ela voltou dia 12/04/2019, quando o médico do hospital pediu para ela esperar até o dia 14/04/2019. Francisca das Chagas sofreu sangramentos dia 15/04/2019, mas não apresentava dores. Retornou ao Hospital Municipal Dr. Isaías na manhã do dia 16/04/2019, quando o médico disse que o sangramento era normal e que até a tarde teria o bebê. Francisca das Chagas voltou para casa, a tarde retornou ao Hospital Municipal Dr. Isaías.

“O médico não examinou os batimentos cardíacos, apenas me perguntou: quantos filhos você teve de parto normal? –Três, eu respondi. Então tu é parideira, e se tu pariu três essa vez também vai ser de parto normal, não pode ser diferente”. Disse Francisca das Chagas sobre a conversa que teve com o médico.

Ela tentou mostrar ao médico a Ultrassonografia que havia feito em clínica particular, porém  foi ignorada:

“Eu estava preocupada, levava todos os documentos, exames, tudo do pré-natal, reunia tudo numa pasta para mostrar mas ele nunca olhou, sempre ignorou. Falei para ele que tinha feito uma Ultrassonografia com um médico particular, mas ele disse que era especulação médica, ignorou todo o meu pré-natal. Nunca tive oportunidade de falar o que eu passei na gravidez e sobre o que estava acontecendo. Ele só dizia: ele está prestes a nascer, daqui a pouco venha de novo”.
Ultrassonografia com 36 semanas de gestação
Francisca das chagas, voltou preocupada para casa, pois já havia sido alertada que não poderia ter o filho de parto normal, e tinha todos os exames que apontavam isso. Ela começou então a sentir dores, calafrios, o bebê não mexia como antes. Pela manhã do dia 17/04/2019, ela retornou ao Hospital Municipal Dr. Isaías. Desta vez para receber a notícia que seu sonho e do esposo foi interrompido.  Ao ser encaminhada para realizar uma Ultrassonografia de Emergência, constatou que o Óbito Fetal foi concluído.

“Então falaram pra mim que o bebê estava em óbito, tinha morrido asfixiado devido o tempo que passou do período de nascer, já estava em torno de 42 semanas”.
Certidão de Natimorto
Francisca das Chagas voltou ao Hospital, agora para fazer a cesária, tarde demais, o bebê foi retirado sem vida.

“Eu perguntei para o médico, de que serviria o pré-natal, se a carteira, exames, tudo era ignorado, como se os 9 meses de consultas não fossem nada. O atendimento só mudou após a descoberta do óbito”.
Guia de Sepultamento
Francisca das Chagas pretende entrar com Ação Judicial contra o município por negligência médica:
“Eu planejei meu filho, tinha tudo pra ele, planejei minha vida com ele. Procurar a justiça não amenizará minha dor, mas poderá evitar que outros casos assim aconteçam”.

A mãe aflita já fez doação de algumas roupas e fraudas que seriam de Jayron Adriano, menos a roupinha que havia separado para vestir ele pela primeira vez, além de outra que ela guardou imaginando o dia que sairia do hospital com ele nos braços. Agora ficou o sentimento de profunda tristeza e uma dor irreparável.

Foto: Jayro Adriano Lino dos Santos
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