quinta-feira, 9 de maio de 2019

Anvisa recolhe lotes de remédios para controle de pressão com potencial cancerígeno

Agência informa que quantidade da substância perigosa nos remédios é ínfima e que pacientes não devem parar uso sem consultar um médico
Anvisa recolhe lotes de remédios para controle de pressão com potencial cancerígeno Foto: Shutterstock
BRASÍLIA — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) anunciou nesta quarta-feira que já recolheu cerca de 200 lotes de remédios reguladores de pressão arterial, após identificar impurezas que podem causar câncer

Os medicamentos que tiveram lotes recolhidos são o losartana — o segundo medicamente mais vendido no Brasil — e o valsartana. Os números específicos dos lotes afetados poderão ser consultados no site da agência. 

A agência também informou que suspendeu a importação, distribuição e comercialização de outros produtos da mesma classe de controle de pressão — os terminados em "sartana" —, nos quais foram encontrados indícios ou evidência de potencial cancerígeno.

Com receio de que os brasileiros com pressão alta parem de tomar o remédio após a notícia do recolhimento, a Anvisa informou que o potencial cancerígeno encontrado nesses produtos é "ínfimo" e que os pacientes não devem se alarmar ou fazer mudanças nos seus tratamentos sem antes consultar um médico ou um farmacêutico. 

— Se o hipertenso parar de usar os medicamentos, ele pode ter consequências muito serias à saúde ainda no mesmo dia —, explicou o gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária, Ronaldo Gomes. 

Os números divulgados pela Agência de Medicamentos Europeia (EMA, em inglês), indicam que, se um paciente tomar uma dose máxima do remédio afetado por 5 anos, a exposição vai gerar um novo caso em cada 6 mil pacientes. No Brasil, a incidência normal de câncer é de 1 a cada 333 brasileiros, em um total de 600 mil diagnósticos da doença por ano. 

Medicamentos mais puros

De acordo com a agência, mesmo que o valor das substâncias encontradas nos remédios seja pequeno, "nenhum medicamento deve estar contaminados com impurezas", já que o paciente não tem a opção de não tomar a medicação. 

Por esse motivo, desde que soube do problema, em julho de 2018, a Anvisa realizou uma série de ações, que incluem o recolhimento dos remédios e a suspensão da importação, distribuição, comercialização e uso dos insumos farmacêutico ativos. 

A instituição criou também um programa de fiscalização específico para as empresas que produzem esses remédios, no qual inspecionou todas as 29 empresas, com o total de 109 produtos. Do total, 21 remédios foram interditados por indícios ou confirmação de contaminação. 

Uma das empresas fiscalizada foi a principal fornecedora de losartana para o projeto Farmácia Popular, que ficou interditada por suspeita de presença, mas já voltou a produzir o remédio, após promover mudanças no procedimento de fabricação. 

— Em menos de 30 dias, a empresa desenvolveu metodologia analítica capaz de analisar os medicamentos, a Anvisa fez teste, e as analises indicaram que os níveis estavam abaixo do aceitável —, disse Costa. 


 




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