Agência informa que quantidade da substância perigosa nos remédios é
ínfima e que pacientes não devem parar uso sem consultar um médico
Anvisa recolhe lotes de remédios para controle de pressão com potencial cancerígeno Foto: Shutterstock |
Os medicamentos que tiveram lotes recolhidos são o losartana — o segundo
medicamente mais vendido no Brasil — e o valsartana. Os números
específicos dos lotes afetados poderão ser consultados no site da
agência.
A agência também informou que suspendeu a importação, distribuição e
comercialização de outros produtos da mesma classe de controle de
pressão — os terminados em "sartana" —, nos quais foram encontrados
indícios ou evidência de potencial cancerígeno.
Com receio de que os brasileiros com pressão alta parem de tomar o
remédio após a notícia do recolhimento, a Anvisa informou que o
potencial cancerígeno encontrado nesses produtos é "ínfimo" e que
os pacientes não devem se alarmar ou fazer mudanças nos seus tratamentos
sem antes consultar um médico ou um farmacêutico.
— Se o hipertenso parar de usar os medicamentos, ele pode
ter consequências muito serias à saúde ainda no mesmo dia —, explicou
o gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária, Ronaldo Gomes.
Os números divulgados pela Agência de Medicamentos Europeia (EMA, em
inglês), indicam que, se um paciente tomar uma dose máxima do remédio
afetado por 5 anos, a exposição vai gerar um novo caso em cada 6 mil
pacientes. No Brasil, a incidência normal de câncer é de 1 a cada 333
brasileiros, em um total de 600 mil diagnósticos da doença por ano.
Medicamentos mais puros
De acordo com a agência, mesmo que o valor das substâncias encontradas
nos remédios seja pequeno, "nenhum medicamento deve estar contaminados
com impurezas", já que o paciente não tem a opção de não tomar a
medicação.
Por esse motivo, desde que soube do problema, em julho de 2018, a Anvisa
realizou uma série de ações, que incluem o recolhimento dos remédios e a
suspensão da importação, distribuição, comercialização e uso dos
insumos farmacêutico ativos.
A instituição criou também um programa de fiscalização específico para
as empresas que produzem esses remédios, no qual inspecionou todas as 29
empresas, com o total de 109 produtos. Do total, 21 remédios foram
interditados por indícios ou confirmação de contaminação.
Uma das empresas fiscalizada foi a principal fornecedora de losartana
para o projeto Farmácia Popular, que ficou interditada por suspeita de
presença, mas já voltou a produzir o remédio, após promover mudanças no
procedimento de fabricação.
— Em menos de 30 dias, a empresa desenvolveu metodologia analítica capaz
de analisar os medicamentos, a Anvisa fez teste, e as analises
indicaram que os níveis estavam abaixo do aceitável —, disse Costa.
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